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  • RFI/Estocolmo

Por Bolsonaro, rede de supermercados da Suécia boicota produtos brasileiros

A decisão foi tomada em consequência da liberação de novos agrotóxicos pelo Brasil.

Supermercado da rede Paradiset - Foto: Divulgação

Uma rede de supermercados da Suécia, a maior de produtos orgânicos da Escandinávia, anunciou nesta quarta-feira que boicotará todos os produtos do Brasil, em protesto à autorização em massa de novos agrotóxicos pelo governo Bolsonaro. Dos 197 produtos que já receberam aval do Ministério da Agricultura este ano, 26% são proibidos da União Europeia, devido à potenciais danos à saúde humana e ao meio ambiente.

Precisamos parar (o presidente) Bolsonaro, ele é um maníaco — disse Johannes Cullberg, presidente do grupo Paradiset, à rádio francesa RFI. — Quando li a notícia da liberação de tamanha quantidade de agrotóxicos pelo presidente Bolsonaro e a ministra (da Agricultura) Tereza Cristina, fiquei tão enfurecido que enviei um e-mail a toda a minha equipe, com a ordem “boicote já ao Brasil”.

A Paradiset já retirou de suas prateleiras produtos brasileiros como quatro tipos de melão, melancia, papaya, manga, limão, água de coco, duas marcas de café e uma barra de chocolate que contém 76% de cacau brasileiro em sua composição.

“Não podemos, em sã consciência, continuar a oferecer alimentos do Brasil aos nossos consumidores num momento em que tanto a quantidade como o ritmo da aprovação dos novos agrotóxicos aumenta drasticamente no país. Decidimos, portanto, retirar os produtos de nossas prateleiras”, disse Johannes Cullberg em comunicado divulgado à imprensa sueca e publicado com destaque pelo Dagens Nyheter, um dos maiores jornais do país.

“Não temos carne brasileira em nossas lojas e, certamente, não iremos comprar”, acrescentou Alexander Elling, assessor de comunicação da Paradiset.

Cullberg espera que sua ação possa levar outros fornecedores a aderir ao boicote. ”Não podemos aceitar esse tipo e atitude insana em relação ao nosso planeta, ao nosso povo e à nossa saúde”, destacou o presidente.

Glifosato

Três dos 31 agrotóxicos liberados recentemente no país são de produtos que usam como base o glifosato, substância classificada pela OMS como cancerígena e que é alvo de milhares de ações judiciais nos Estados Unidos. Estudos recentes também comprovaram a relação entre o glifosato e o linfoma Não-Hodgkin, um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) alertou que, mesmo que alguns dos efeitos de intoxicação por agrotóxicos sejam classificados com medianos ou pouco tóxicos, não se deve perder de vista os “efeitos crônicos que podem ocorrer meses, anos ou até décadas após a exposição, manifestando-se em doenças congênitas”, como câncer, malformação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais.

Segundo o sueco Johannes Cullberg, o Brasil já teve uma das mais progressistas estratégias de alimentação do mundo, mas agora os consumidores do país estão expostos a produtos extremamente perigosos. “Isto é uma loucura”, destacou Cullberg.

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