- Bárbara Monteiro, O Vale
5 toneladas de resíduos foram retirados das praias da região
Segundo Instituto Argonauta, 80% dos dejetos nos mares são de origem terrestre. Embalagens, garrafas pet, copos descartáveis e canudos compõem o lixo, revela pesquisa.

Cerca de 5 toneladas de resíduos sólidos foram retirados das praias do Litoral Norte de São Paulo entre janeiro e abril deste ano. Os dados são do Instituto Argonauta, de Ubatuba. Deste total, 80% dos dejetos nos mares são de origem terrestre, como por exemplo, bitucas de cigarro e embalagens plásticas.
Segundo o levantamento, o mês de março foi o período mais crítico, com 1,3 tonelada resíduos recolhidos. Também foi constatado que Ubatuba foi a cidade que mais acumulou lixo nas praias, foram 1,8 toneladas, o que representa 37% do total.
Mesmo com a alta quantidade de dejetos encontrados, nenhuma praia foi classificada como "caótica", título dado quando ela está pesadamente contaminada por várias acumulações. De acordo com o boletim, situações classificadas dessa forma, geralmente, são registradas após a ocorrência de fortes chuvas, as quais trazem grande quantidade de matéria orgânica à praia. Em meio a essa matéria são encontrados principalmente fragmentos de plástico e isopor, além de outros resíduos de origem antropogênica tais como, embalagens, garrafas pet e copos descartáveis, entre outros.
No entanto, houve registros pontuais nas praias Perequê-Mirim, Palmira e Matarazzo, em Ubatuba; Prainha da Enseada, São Francisco e Enseada, em São Sebastião; Massaguaçu e Porto Novo, em Caraguatatuba; e Ponta Azeda e Pinto, em Ilhabela.
Para realizar a pesquisa, a equipe técnica do instituto percorre diariamente as 132 praias da região. De acordo com o oceanógrafo Hugo Gallo, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, São Sebastião mantém a melhor média dos quatro municípios. "Durante o monitoramento não encontramos qualquer tipo de resíduo, como canudos, garrafas, ou copos plásticos", contou.
Campanha
A movimentação das prefeituras do Litoral Norte vem de encontro a campanha "Mares Limpos", da ONU Meio Ambiente, que, desde 2017 no Brasil, tem como objetivo reduzir os impactos dos plásticos descartados nos mares. A estimativa é de que em 30 anos tenhamos mais plástico do que lixo nos oceanos.
"O oceano é responsável por metade do oxigênio que respiramos e por alimentar mais de 1/3 da população mundial. Mas estamos transformando essa fonte de vida em um grande
lixão", cravou a ativista ambiental Fe Cortez, em campanha.
"Os copinhos, canudinhos, sacolinhas e embalagens somadas resultam em 8 milhões de toneladas de plástico todos os anos nos oceanos e um risco para nossa sobrevivência", continuou.
O próprio Ministério do Meio Ambiente lançou o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, em março deste ano, em Ilhabela. "O plano representa uma inovação e um grande esforço de mobilização para responder de forma coordenada e integrada à poluição do ambiente marinho, que traz impactos aos ecossistemas e também ao turismo, a saúde e a segurança de navegação", afirmou em nota Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente.
Recolhimento
No Litoral Norte, a coleta de dados pelo Instituto Argonauta é feita diariamente entre 6h às 11h e, em algumas situações, ocorre antes ou após limpeza realizada pelas prefeituras ou por terceiros (ONGs, moradores, "quiosqueiros", condomínios, empresas privadas e etc).
Observa-se também que, ao longo do dia, principalmente durante o verão, em consequência do número elevado de frequentadores, as praias recebem maior quantidade de lixo e, devido à ação do vento, com fluxo das marés, esses resíduos se deslocam para o mar afetando todo o ambiente marinho.